segunda-feira, novembro 25, 2013

Minhas humanas lembranças

Lembro da minha casa, quando eu era criança.Do meu quarto e da janela que dava pra rua.Lembro-me das madrugadas, no calor, de algumas conversas de pessoas que passavam naquela rua poeirenta.Lembro-me perfeitamente do assobio do guarda e de ouvir uma música suave, me parecia bem ao longe.Devia ser um rádio que o guarda da nossa rua usava nas madrugadas. Mas era muito bom, lembro-me ainda de algumas músicas.Não sei a que horas o guarda iniciava seu trabalho, mas sei que nos fundos de minha casa tinha sempre uma garrafa de café disponível a ele. Era um meio no qual meu pai achou em conciliar o pagamento pelo trabalho e ter a garantia de que ele estaria “sempre atento”, aos raros ladrões que existiam naquele tempo.Ouvia, às vezes perfeitamente, uma pequena discussão de namorados que, sussurrando como quem tem cumplicidades até nas brigas, não levavam muito adiante.Quando o sono chegava, logo antes das nove e meia da noite, acordava somente com o barulho da carroça do leiteiro, depois o carrinho do padeiro.O barulho do portão abrindo, algum outro sussurro para espantar o cachorro, o portão fechando.Passos longos do trabalhador da madrugada.Durante a semana muita gente passava por debaixo daquela janela, mas eram todos desconhecidos meus.Nunca reconheci ninguém nessas minhas lembranças, mas posso ainda lembrar-me das vozes, do jeito de bater nas paredes da minha casa, da maneira como todos eram tratados, mesmo na penumbra, sem conhecer alguém, as pessoas tinham educação, pediam desculpas por incomodar.No final de semana, sempre aos sábados, ouvia-se serenata.Perto de minha casa morava uma moça muito bonita e os rapazes, os mais ousados, faziam serenata pra ela.Eu sempre pensei que era muito, mas muito tarde mesmo. Não era.Eram duas da madrugada, o mais tardar, quando acordavam a moça com belas melodias e canções das mais convidativas para amar.Logo iam embora, cantando. Sem bagunça, mas cantando na madrugada acordando as pessoas com um som gostoso.Muitas pessoas que eram agraciadas com essas serenatas saíam para cumprimentar os moços cantores e dar alguma coisa para beber.Nunca mais em minha vida pude ouvir ou sentir algo tão humano e belo quanto naquela época.Nunca mais!

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