quarta-feira, fevereiro 06, 2008

NO PARANÁ NÃO TEM JORNAL PARA DIVULGAÇÃO DO QUE ESTÁ ACONTECENDO

Farra dos aditivos


Fábio Campana

O juiz Rogério Ribas, do Tribunal de Justiça, determinou a Maurício Requião, caçula que ocupa o cargo de secretário de Educação, que dê todas as informações sobre os contratos entre a secretaria e a empresa Pavibras.

Ora, pois, Pavibras é a empresa que protagonizou o escândalo dos aditivos na Sanepar. Ganhou uma licitação no valor de R$ 69 milhões, recebeu R$ 113 milhões e não entregou a obra.

Agora, o que se quer saber é se os contratos da Pavibras com a secretaria de Maurício Requião estão corretos. Há quem duvide.

Os deputados Valdir Rossoni, do PSDB, e Plauto Miró Guimarães, do DEM.

Foram eles que entraram com mandado de segurança exigindo informações que a secretaria se recusava a dar. Entre outras, querem saber de todos os contratos, seus valores, andamento das obras e se houve aditivos pagos ou a pagar.

“A família Requião começa a descobrir que a Justiça é feita para todos. Até mesmo para aqueles que, como eles, se consideram semideuses, acima do bem e do mal”, disse o deputado Valdir Rossoni ao comentar a decisão judicial. O deputado lembrou que quando foi solicitado a dar informações, Maurício Requião deu respostas incompletas, truncadas, ofensivas e até debochadas.

“O governo sempre se recusa a dar explicações aos deputados, mas as decisões judiciais têm sido favoráveis à transparência. Isso é prova de que o governo tem que respeitar o legislativo e que tem a obrigação de responder aos questionamentos dos deputados estaduais”, disse o deputado Plauto Miró.

Em sua decisão, o juiz Rogério Ribas argumentou que “... há relevância na argumentação de que o impetrado não respondeu aos pedidos feitos administrativamente”.

O juiz determina que o secretário Maurício Requião forneça cópia de todos os documentos solicitados em um prazo de 5 dias, sob pena de multa diária de R$ 500.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Será que é por isso que existem muitos compradores de votos?

51% dos eleitores não têm ensino fundamental
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgou ontem levantamento que mostra que mais da metade (51,5%) do eleitorado brasileiro, que atingiu a marca de 127,4 milhões em 2007, não conseguiu concluir o ensino fundamental ou sabe apenas ler ou escrever. Do total de eleitores do país, cerca de 8,2 milhões (6,46%) são analfabetos.
O levantamento confirma projeção de que as mulheres são maioria no colégio eleitoral (65,9 milhões ante 61,3 milhões de homens), na divisão regional e nos variados graus de instrução -as exceções são nos quesitos "lê e escreve" e "primeiro grau completo" -atual ensino fundamental.
O Nordeste apresenta o maior número de eleitores com baixa escolaridade -70%, segundo o TSE. Na região, formada por nove Estados, há também mais eleitores analfabetos: 4,2 milhões. O número é mais que o dobro das demais regiões, que, juntas, têm 4 milhões de analfabetos.
No Brasil, segundo o levantamento, há cerca de 4,3 milhões de eleitores com formação superior, com maior concentração no Sul e Sudeste. A disparidade educacional é comprovada na comparação com os eleitores que têm curso superior no Norte e Nordeste -156 mil e 614 mil, respectivamente.
O próprio TSE, contudo, ressaltou que os dados podem "apresentar defasagens", pois a escolaridade é declarada quando é feito o alistamento.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Disque MP para matar

Quatro promotores mataram. Nenhum está preso

por Carlos Brickmann

São quatro casos de mortes envolvendo promotores públicos:

1 – Um assassinou a tiros a esposa grávida, tentou forjar um assalto, foi desmascarado, julgado e condenado, fugiu. Não se vê muito empenho para encontrá-lo.

2 – Um, na praia, durante o Réveillon, atirou em um jovem, matando-o, e feriu outro.

3 – Um, parecendo bêbado, guiando na contra-mão, atropelou e matou três pessoas.

4 – Um, reagindo a um assalto, matou o assaltante com dez tiros. A arma não era dele, nem poderia ser. É de uso exclusivo das Forças Armadas.

Nenhum está preso. Algumas perguntas:

1 – não se estará formando uma casta que, como os agentes secretos de Sua Majestade, têm licença para matar?

2 – que tipo de teste avalia o equilíbrio emocional de profissionais que, em casos de emergência, são capazes de dar dez tiros seguidos numa única pessoa?

3 - o promotor não é simplesmente um acusador. É o Fiscal da Lei, é a Justiça de Pé. Como se explica que um cavalheiro com essas atribuições prefira uma arma ilegal, mesmo tendo licença para usar uma legal?

Imagine o caro leitor que um cidadão, com arma ilegal, desse dez tiros num promotor que estivesse na motocicleta. Estaria solto? Não teria havido flagrante?

Sabemos, nós todos, que essa história de igualdade perante a lei não é lá muito verdadeira. Mas será preciso exagerar de tal maneira a desigualdade?

Em dúvida:

Os cursos de tiro em situação de combate ensinam os alunos a disparar rajadas curtas, de dois tiros, uma ou duas vezes. Ensinam como é que se mata e como é que se imobiliza. Os promotores, quando recebem licença para andar armados, participam de algum treinamento para utilizar corretamente as armas?

[Essa coluna é publicada às quartas-feiras no Diário do Grande ABC, Folha de Pernambuco, Correio Popular(Campinas), O Dia (Teresina) e no site www.brickmann.com.br]

domingo, dezembro 02, 2007


Novo endereço do Escritório a partir do dia 20 de dezembro de 2007

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quinta-feira, novembro 08, 2007

O Brasil de hoje é fruto do golpe de 1964

O golpe militar de 1964 impôs não apenas 21 anos de ditadura, mas também o ambiente político e cultural que possibilitou – no período da “redemocratização” – ao neoliberalismo aportar com tudo no território brasileiro, estimulado pelas elites empresariais, saudado pelas classes médias e engolido pelos trabalhadores sem maiores resistências.

Em plena Guerra Fria, com o imperialismo norte-americano jogando pesado contra os blocos socialista e terceiro-mundista, o golpe interrompeu o processo de reformas de base articulado por lideranças trabalhistas com o governo João Goulart. As reformas faziam sentido no bojo do desenvolvimento industrial das décadas de 40 e 50, e representavam a justa cobrança dos trabalhadores no acerto de contas com o capital, especialmente para virar a página do atraso oligárquico.

Com o golpe, a experiência educacional transformadora foi duramente reprimida e todo o sistema passou a ser controlado de cima para baixo, com rígida vigilância. Tanto é que inúmeros professores e projetos educacionais foram banidos. Ao mesmo tempo acelerou-se o processo de privatização do ensino superior. Foram criadas as “fundações sem fins lucrativos” que enriqueceram tanta gente. As fábricas de diplomas ganharam status de faculdades e universidades. O sistema criado na ditadura permanece intacto, não apenas vigora até hoje, como é um dos pilares de formação e sustentação intelectual do neoliberalismo.

O projeto de reforma agrária de Celso Furtado, que o governo João Goulart ensaiava colocar em prática, previa a desapropriação de todas as terras ao longo das rodovias e ferrovias, de forma que se pudessem assentar rapidamente todas as famílias que quisessem trabalhar na terra. O golpe de 1964 abortou a reforma agrária e até hoje o Brasil não conseguiu resolver a secular questão agrária e nem criar um modelo para o desenvolvimento da agricultura familiar, a produção de alimentos e a proteção ambiental. Ao contrário, o Brasil agora convive com o latifúndio improdutivo e com o latifúndio do agronegócio – a concentração da terra voltada para a exportação (soja, eucalipto, cana e pecuária), altamente destruidora das reservas florestais, dos recursos hídricos e do meio ambiente.

Nem bem o Brasil saiu da ditadura militar, em 1985, e as elites brasileiras já estavam salivando para privatizar o patrimônio público acumulado nos anos de centralização e de estatização, quando os gestores do regime endividaram o País e o povo brasileiro com inúmeros projetos faraônicos. A ditadura acelerou a destruição da Amazônia com a rodovia Transamazônica e os projetos fracassados de colonização; a ditadura acelerou a destruição dos recursos hídricos com os projetos de grandes hidrelétricas; a ditadura acelerou a destruição cultural do Brasil com os seus projetos autoritários de educação e comunicações. O apoio da ditadura à TV Globo e às demais redes de televisão foi decisivo para “formar” gerações alienadas com a cabeça no consumo e no circo. O sistema de controle da informação e da cultura montado pela ditadura continua intacto até hoje – sob o domínio de alguns grupos empresariais e coronéis eletrônicos espalhados no território nacional.

Nem bem saiu da ditadura e ingressou no neoliberalismo, as elites brasileiras avançaram sobre os direitos dos trabalhadores, retiraram conquistas de décadas, investiram pesado nas “flexibilizações” e “desregulamentações” da legislação trabalhista e social, passaram a arrochar sistematicamente os salários, colocaram milhões na informalidade e multiplicaram várias vezes o exército de reserva – também chamado de desemprego estrutural. Isso só foi possível porque a sociedade brasileira moldada pelos 21 anos de ditadura apagou da memória e da história oficial as lutas feitas e as reformas sonhadas antes de 1964. Depois do último embate, nas eleições de 1989, quando as forças democráticas e populares foram derrotadas – em “eleições livres” – pelo neo-coronelismo apoiado pela velha imprensa empresarial e pelo aparato televisivo construído pelo regime militar, a resistência democrática e popular entrou em declínio, importantes setores da esquerda se renderam ou foram cooptados pelo modelo político-econômico, as propostas transformadoras e socializantes desapareceram dos sindicatos e das universidades. É nesse quadro que o movimento social ainda tenta se reerguer – com muita dificuldade.

Basta lembrar que toda a imprensa brasileira – com exceção do jornal Ultima Hora – apoiou o golpe militar de 1964, na defesa dos interesses dos fazendeiros, do capital industrial nacional e do capital estrangeiro। Da mesma forma, hoje, a grande maioria da imprensa brasileira defende ardentemente os postulados do neoliberalismo, apóia a entrada desenfreada do capital estrangeiro, o sistema financeiro concentrado em grandes bancos e a concentração da terra para o agronegócio. Os motivos de fundo para o golpe de 1964 constituem ainda hoje o programa em vigor das elites dominantes. Isso significa que o golpe de 1964 pode ser considerado completamente vitorioso, pois interrompeu de forma duradoura – há 43 anos – o que estava sendo ensaiado de transformações em favor das classes trabalhadoras. Desde então os trabalhadores não vivenciaram mais nenhum processo de reformas que pudesse mudar as estruturas do País. O Brasil é hoje mais capitalista do que já foi em toda a sua história. Com todos os problemas que esse sistema produz.


HAMILTON OCTAVIO DE सौजा




quarta-feira, setembro 26, 2007

Juíza é acusada de esbofetear professora em audiência

Uma juíza da comarca de Divina Pastora, em Sergipe, é acusada de
esbofetear uma professora durante uma audiência.

Segundo informações da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a juíza
Soraia Gonçalves de Melo deu dois tapas no rosto da professora Maria
Givanilde dos Santos por ter se indignado com uma passeata feita por
educadores.

De acordo com a OAB, tudo começou quando a professora foi presa por
determinação da juíza titular da comarca de Divina Pastora, Soraia
Gonçalves de Melo. Segundo informações da diretoria do Síntese
(Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da Rede Oficial do
Estado de Sergipe), a professora, que é líder sindical, participava de
uma passeata organizada pela entidade.

Durante a passeata, os manifestantes cobraram do chefe do Executivo o
pagamento de dois meses de salários atrasados. Também pediram um
posicionamento a respeito do problema do Ministério Público e Poder
Judiciário.

O sindicato informou que, terminada a passeata, a professora se
dirigiu ao Fórum para uma audiência já marcada anteriormente, com a
juíza. Neste encontro, a magistrada teria se mostrado indignada com o
ato dos educadores e determinado a prisão de Givanilde. Testemunhas
relataram que, depois de algemada, a professora foi agredida com dois
tapas no rosto pela juíza.

O caso, segundo informa a OAB, foi acompanhado de perto pelos líderes
do Sintese e pelo assessor jurídico do sindicato.

O fato foi motivo de pronunciamento na Câmara dos Deputados feito pelo
deputado federal Iran Barbosa (PT-SE). Ele anunciou que vai ingressar
no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Corregedoria do Tribunal de
Justiça de Sergipe com representação contra a juíza.

Reduzimos a miséria

Reduzimos a miséria

Artigo de Clóvis Rossi, na Folha:

"As crianças não têm o que calçar, vestem-se todos os dias com as mesmas roupas, comem carne, quando muito, uma vez por semana, dormem no chão sem piso de um casebre sem banheiro e brincam em um riacho de esgoto. Mesmo assim, não são miseráveis, segundo metodologia da FGV".

(...)

Nada contra festejar estatísticas agradáveis.

Desde que a festa não seja apenas um pretexto para esquecer que, por trás delas, ou apesar delas, o Brasil continua um país primitivo। Obscenamente primitivo.


Leia a íntegra

O passado não é aquilo que passa, é aquilo que fica do que passou.   Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde)