Blog do Allaymer
"O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons". Martin Luther King
segunda-feira, novembro 10, 2025
domingo, julho 27, 2025
Solidão
Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.
E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.
Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por coisa esquecida.
(Fernando Pessoa)
sexta-feira, julho 11, 2025
Indicação de 3 livros para entender o Brasil e a extrema-direita desde 2016, a economia das grandes potências e o complexo do pobre que se acha americano
Chutando a escada: A estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica
Ha-Joon Chang (Autor), Luiz Antonio Oliveira De Araujo (Tradutor)
Complexo de vira-lata é o mais novo livro de Marcia Tiburi, filósofa e feminista, autora dos best-sellers Como conversar com um fascista e Feminismo em comum. Foi escrito com linguagem acessível como um processo de busca pela verdade em tempos nos quais o manifesto ódio à verdade vem destruir as chances de se construir uma comunidade humana.
Conciso, nasce na urgência de uma análise sobre a humilhação nacional, interiorizada pelas pessoas e institucionalizada em nível social e político por meio da colonização, que não é apenas coisa do passado. A tese fundamental desta obra é que a humilhação é uma práxis, ou seja, uma ação que é, ao mesmo tempo, uma produção mental, teórica e linguística, emocional e afetiva. É ela que sustenta a guerra de classes dos ricos contra os pobres e explica a submissão e a obediência de todos diante das injustiças até hoje.
Complexo de vira-lata busca expor a lógica, a moral, a estética e a política da humilhação em forma de uma constelação. Revela tanto o método da análise filosófica em jogo, suas bases interdisciplinares ligadas à psicanálise, à história, à literatura e outras áreas, quanto conteúdos e efeitos dessa configuração essencial do psicopoder, ao qual inimigos da democracia tentam submeter seus defensores.
Se todo livro é uma conversa, esta é uma obra imperdível, essencial para a biblioteca de todas as pessoas que desejam aguçar o pensamento crítico.
*não li ainda, vou ler ainda esse ano
sábado, junho 28, 2025
Indicação de leituras - Racismo no mundo empresarial
por Paulo Scott (Autor)
Esta obra ensaística, produzida por um dos escritores mais celebrados da literatura brasileira contemporânea, oferece uma abordagem provocadora e original sobre o racismo sistêmico no Brasil. Com uma linguagem atualizada e incisiva, o autor explora a interseção entre Direito, Sociologia, Psicologia e Literatura para defender o Protocolo para Julgamento com Perspectiva Racial 2024, instituído pelo Conselho Nacional de Justiça. O livro destaca a importância deste protocolo como um marco normativo essencial na construção de uma nova tutela dos direitos no país. Ao adotar uma perspectiva transdisciplinar, a obra não apenas ilumina as complexidades do racismo sistêmico, mas também propõe caminhos inovadores para seu enfrentamento no âmbito jurídico e social. Destinada a profissionais do Direito, acadêmicos e leitores interessados em questões de justiça social, esta obra se estabelece como uma leitura indispensável para compreender e atuar na promoção de uma sociedade mais equitativa e justa. Combinando rigor analítico e sensibilidade literária, o autor oferece uma contribuição significativa ao debate contemporâneo sobre direitos humanos e igualdade racial no Brasil.
Pequeno manual antirracista
Djamila Ribeiro (Autor)
Onze lições breves para entender as origens do racismo e como combatê-lo.
Neste pequeno manual, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em onze capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Já há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais: trata-se de um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito. Reconhecer as raízes e o impacto do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro desse tamanho? Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
* Prêmio Jabuti 2020 na categoria Ciências humanas. *
Executivos Negros: Racismo e Diversidade no Mundo Empresarial
Pedro Jaime (Autor)
Pedro Jaime aborda a inclusão do negro na sociedade brasileira a partir da investigação do racismo e da diversidade no contexto empresarial paulistano, dando espaço, nesta obra, para as vozes de uma categoria social que denomina de “executivos negros”. Além de apresentar um levantamento numérico e qualitativo destes indivíduos e do cargo que ocupam, o autor também recorre à etnografia e à reconstrução de narrativas biográficas para mapear a trajetória profissional de duas gerações de executivos negros em São Paulo, nas quais baseia seu estudo. Deste modo a obra capta o quadro de mobilidade desse grupo e o conjunto de fatores que a determinam, deixando em evidência as grandes mudanças na construção destes percursos profissionais entre 1970 e o começo do século XXI.
quinta-feira, março 06, 2025
terça-feira, fevereiro 11, 2025
Até Pensei
Chico Buarque
Junto à minha rua havia um bosque
Que um muro alto proibia
Lá todo balão caia, toda maçã nascia
E o dono do bosque nem via
Do lado de lá tanta aventura
E eu a espreitar na noite escura
A dedilhar essa modinha
A felicidade morava tão vizinha
Que, de tolo, até pensei que fosse minha
Junto a mim morava a minha amada
Com olhos claros como o dia
Lá o meu olhar vivia de sonho e fantasia
E a dona dos olhos nem via
Do lado de lá tanta ventura
E eu a esperar pela ternura
Que a enganar nunca me vinha
Eu andava pobre, tão pobre de carinho
Que, de tolo, até pensei que fosses minha
Toda a dor da vida me ensinou essa modinha
Que, de tolo, até pensei que fosse minha
domingo, fevereiro 09, 2025
Os donos do poder - Raymundo Faoro
No livro "Os Donos do Poder", de Raymundo Faoro, publicado pela primeira vez em 1958, o autor analisa a formação política e social do Brasil, com foco na estrutura de poder e nas elites dominantes, buscando entender as raízes do autoritarismo e da concentração de poder no país.A obra está dividida em duas partes.
Na primeira parte, Faoro analisa o período colonial, destacando como a estrutura de poder foi moldada pela relação entre a Coroa Portuguesa e as elites locais, evidenciando o poder da elite na sociedade brasileira em formação. É nessa primeira parte que Faoro desenvolve o conceito de patrimonialismo, que se torna o tema central de sua análise social e econômica. O patrimonialismo, segundo o autor, consiste na apropriação do Estado como propriedade privada por uma elite que, aproveitando-se de sua condição social privilegiada, utiliza o Estado em benefício próprio.
Essa elite se mantém no poder através de um sistema burocrático – segunda parte - estatal que é utilizado para controlar a população e garantir seus interesses. A dominação dessa elite se adapta para manter o controle tanto do patrimônio do Estado quanto dos pensamentos e atitudes daqueles que não fazem parte da elite.
A burocracia, como instrumento de poder, consolida o controle da elite, que o utiliza para servir seus interesses particulares, e não para o bem comum. Faoro, em seu livro, critica essa tradição autoritária que exclui e marginaliza a população, impedindo a construção de uma democracia plena.
Ao final de sua análise, Faoro, já nos anos de 1950, alerta que, apesar das aparentes mudanças, a estrutura de poder no Brasil permanece essencialmente a mesma.
Mas onde quero chegar?
Fácil perceber, pelo menos por alguns, que o poder estatal no Brasil está nas mãos das elites que usufruem de todos os benefícios materiais que podem extrair dos seus cofres. Orçamento secreto, por exemplo, é um dos enormes benefícios utilizados pelos dos no poder.
Além desses benefícios financeiros usurpados por meio de “privilégios” – Privilegium. “Lei privada”, em latim (Bruno Carazza. O país dos privilégios Vol. 1 Os novos e velhos donos do poder) – os donos do poder utilizam da lei privada para mandar e desmandar. Humilhar, destratar e refutar quem não está com eles na posição de elite.
Falando assim parece que só ocorre a ditadura do poder ou autoritarismo e burocracia atinge altos comandos. Não, em qualquer repartição pública você encontrar pessoas que se mantém no poder por meio da burocracia que criam para poder controlar. Alguns controlam até seus superiores, pois conseguem, por meio de atos pouco convenientes, fazer o superior entender que ele ou ela é imprescindível para o sucesso da sua administração.
Outro controle que exerce a elite sobre aquele que não pertence à sua classe, é o de impedir o crescimento de terceiros dentro do estamento burocrático dominado pela classe. As formas de impedir são várias e algumas conhecidas são impedir que se desenvolva projetos que eles não pensaram; impedir o crescimento intelectual e educacional, enfim, a palavra para manter esses privilégios é impedir que o outro não tenha espaço de crescimento. Principalmente àqueles que se destacam em suas profissões, porém não pertence ao controlador do poder.
Esse sistema de usurpar o poder para controlar os privilégios pessoais é corriqueiro em entidades públicas desde o pequeno órgão com 3 funcionários quanto aquele com diversos servidores. A atuação dos donos do poder pode ser encontrada nessas repartições públicas municipais, estaduais e federais. Presencia-se o controle em pequenos municípios, em salas de aulas, nas salas dos professores e, principalmente, hoje, nas salas virtuais de reuniões.
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