quinta-feira, agosto 22, 2013

Uma boa pessoa

Ele tinha tudo pra ser uma boa pessoa, mas resolveu ser bandido. Isso mesmo. Bandido da pior espécie. Não frequentou a escola regular, é iletrado, anda armado, casado, faz academia, tem fama de mau. E é mau mesmo. Matou não sei quantos.
A escolha do caminho pela bandidagem não foi à toa. Foi uma escolha à dedo. 
Pensou: se estudo e sou muito bom no que faço, o máximo que posso conseguir na vida é trabalhar muito, ganhar bem, mas não o suficiente para conquistar meus luxos. Serei, com certeza, mais um grande engenheiro, advogado, juiz, escritor, sei lá, alguém, mas nunca terei a notoriedade social que um bandido terá e muito menos serei admirado pela sociedade.
Admirado ou temido? Pra ele não importa, o importante é trabalhar pouco, ganhar muito, ter o suficiente para não ir preso, enfim, viver sem qualquer medo. Como viveria se fosse um engenheiro, um advogado, um juiz ou mesmo um escritor.
Não teria medo de ser sequestrado porque seria o sequestrador; de ser morto com um tiro por ser aquele do outro lado da bala; e no final da vida, já velho ou mesmo morto quando jovem, teria ao seu lado vários políticos lhes prestando homenagens e atribuindo a ele o nome de uma importante rua em sua cidade natal.
Tudo isso, porque são iguais, ele e os políticos que o apoiaram, pois nada na vida separa aqueles irmanados por uma causa social tão relevante: o dinheiro público desviado e o dinheiro da bandidagem estão irmanados.


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