domingo, junho 15, 2008

O brinquedinho do Eduardo

ET CETERA [06/06/2008]


Tal qual um menino mimado, cheio de vontades, riquinho e exigente, o superintendente dos Portos de Paranaguá e Antonina, Eduardo Requião, encasquetou que quer porque quer uma draga. “Quero a minha draga”, pede ao irmão governador. “Eu quero”, repete. “Eu preciso”, lamuria-se. “Me dá”, implora. “Vou chorar”, ameaça. Beira a obsessão. A ironia com que a coluna trata a questão é emblemática e necessária para chamar a atenção do quão desesperado está o mano do rei. Comprar uma draga transformou-se no maior desejo da vida, a ponto de ele descartar previamente saídas mais rápidas (e mais em conta) para solucionar o problema do assoreamento do canal da Galheta. A meta de Eduardo é comprar. Comprar já. Urgentemente. Algo há.

A dedo?

É evidente que este empenho desmedido em adquirir uma draga dá margem a suspeitas. Será que o superintendente já “paquerou” alguma máquina? Será que já “escolheu” a sua preferida? Será que já operou, brincou, alisou? Será que ele já conversou com fornecedores?

Método

Como o Roberto é um grande irmão e muito empenhado em atender os desejos da família, a tendência é que ele autorize o quanto antes que Eduardo promova o processo de aquisição do equipamento. A dúvida é saber se ele inovará ou seguirá o mesmo modelo “ético e transparente” que foi executado pelo outro mano, o Maurício, na compra dos 22 mil televisores alaranjados.

Humor negro

A Cequipel fornece dragas?

Vida real

E enquanto Eduardo Requião alimenta a paixão e a necessidade de comprar uma draga para ele, o Porto de Paranaguá atravessa a maior crise de sua história. Vale lembrar que a capitania dos portos já determinou a redução do calado da Galheta para 11,3 metros, sendo que em dezembro do ano passado o número era de 11,89 metros. A tendência é piorar.

Números

E uma vez que o “melhor superintendente de portos do mundo” só pensa “naquilo”, ele não age para resolver o problema da demora dos navios em atracar no terminal de Paranaguá. De acordo com um levantamento da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), em 2007, os prejuízos com a falta de infra-estrutura alcançaram R$ 1,5 bilhão.

Falência

E se já não bastasse a questão estrutural, há ainda a pesada suspeição quanto à conduta do atual gestor. O Tribunal de Contas (TC) sugeriu que fossem rejeitadas todas as contas do porto relativas ao ano de 2006 e de outros exercícios da administração. Além disso, há uma série de denúncias de corrupção sob investigação no próprio TC e no Ministério Público, a maioria levantada por integrantes do próprio governo.

Preço

O governador, ao nomear o parente e empurrar Paranaguá para o caos, é responsável direto pelo que acontece com o porto. O nepotismo requianista é um mal de preço incalculável.

Um comentário:

Paulo Antonio dos Santos disse...

Obrigado por compartilhar esses textos conosco professor.

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